RESUMO
Caçadores e Leão de Aço, são dois blocos carnavalescos da cidade do Pilar – Alagoas, que existem desde a década de vinte do século passado. Tendo em vista serem uma tradição cultural quase centenária, pouco se tem de registros escritos sobre eles. Essa pesquisa, ao se utilizar dos campos de estudo da memória, do patrimônio e do turismo como fenômeno sociocultural, visa a colaborar para o preenchimento desta lacuna. Uma das metodologias utilizadas para a coleta de dados foi a história oral temática, em que as entrevistas têm característica de depoimento, abordando tema específico, e não a totalidade da vida do depoente. Também foram adotadas a observação participante e vivências de base etnográfica, realizadas durante os desfiles dos blocos, em que se fez uso de diário de campo, capturas fotográficas, além de conversas informais. A análise do material teve por base a teoria das controvérsias, que, por meio de enfoque processual, procura evidenciar as principais contradições dos objetos de estudo, reconhecendo que a produção do conhecimento não se dá de forma linear, mas labiríntica, uma vez que a ciência não está pronta/acabada. Foi realizada uma análise dos aspectos sociais e históricos dos blocos, e as memórias construídas a partir deles, identificando, ao ouvir os agentes sociais que deles participam, quais noções de patrimônio cultural e turismo se manifestam. Foi percebida forte ressonância cultural dos blocos em relação aos contextos socioculturais e históricos da cidade, que os consideram patrimônios culturais pilarenses, independente do seu não reconhecimento oficial por parte do Estado. Assim como também identificada a não existência do turismo em seu viés convencional/hegemônico, mas outras práticas de turismo, em que os visitantes não são reconhecidos como turistas, devido ao motivo de estarem inseridos no contexto social, por suas relações de amizade e parentesco.
Autoria: Raniery Silva Guedes de Araújo